29/06/2010

E. M. Bounds: Homens de oração são necessários - Parte 2

Homens de oração são necessários


Os sermões de Paulo – o que eles eram? Onde estão? Esqueletos, fragmentados espalhados, sem rumo num mar de inspiração! Mas o homem Paulo, maior que seus sermões, vive para sempre, em plena forma, traços e estatura, dando forma à Igreja com a mão. A pregação não é senão uma voz. A voz do silencio morre, o texto é esquecido, o sermão desvanece na memória; o pregador vive.
O sermão não consegue se elevar acima do homem usando as forças que lhe dão vida. Homens mortos pregam sermões mortos, e sermões mortos matam. Tudo depende do caráter espiritual do pregador. Debaixo da dispensação judaica, o sumo sacerdote usava um diadema de ouro com letras compostas por jóias: “Santidade ao Senhor”. Então, cada pregador no ministério de Cristo precisa ser moldado e adotar como viga-mestre esse mesmo lema. É uma vergonha ímpar para o ministro cristão ver sua santidade de caráter e de objetivo se rebaixarem em relação ao sacerdócio judaico. Jonathan Edwards disse: “Prossegui avidamente na minha busca por mais santidade e conformidade com Cristo. O céu que desejava era um céu de santidade”.
O evangelho de Cristo não progride por ondas populares. Não tem nenhum poder de autopromoção. Ele vai adiante à medida que vão adiante os homens encarregados do evangelho. O pregador precisa personificar o evangelho. Mártires compassivos, intrépidos e de coração terno devem ser os homens que pegam uma geração e dão a ela forma para Deus.
A pregação mais aguçada e intensa do pregador deve ser ele mesmo. Sua obra mais difícil, delicada, laboriosa e completa deve ser consigo. O treinamento dos doze discípulos foi a obra grandiosa, difícil e duradoura de Cristo. Os pregadores não são fabricantes de sermões, mas fazedores de homens e fazedores de santos; e só está bem treinado para essas questões aquele que fez de si um homem e santo. Não é de grandes talentos, grandes conhecimento nem de grandes pregadores que Deus precisa, mas de homens grandes na santidade, grandes na fé, grandes no amor, grandes na fidelidade, grandes em favor de Deus – homens que sempre preguem sermões santos no púlpito, com a vida santa que daí resulta. Estes podem moldar um geração para Deus.
O homem que prega deve ser um homem que ora. A oração é a arma mais poderosa do pregador. Uma força todo-poderosa em si, que traz vida e força a tudo. O sermão verdadeiro é feito em um aposento recluso. O homem – o homem de Deus – faz-se em um aposento recluso. Sua vida e suas convicções mais profundas nasceram da comunhão secreta com Deus. A onerosa e lacrimosa agonia de seu espírito, suas mensagens mais solidas e doces foram obtidas na solicitude com Deus. A oração faz o homem; a oração faz o pregador; a oração faz o pastor.
O púlpito destes dias é fraco na oração. O orgulho da aprendizagem levanta-se contra a dependência da oração humilde. É demasiadamente freqüente a oração alcançar o púlpito apenas oficialmente – a execução de uma rotina de púlpito. A oração não é para o púlpito moderno a força vigorosa que era na vida ou no ministério de Paulo. Todo pregador que deixa de ter a oração como fator de peso em sua vida e ministério é fraco na obra de Deus e fica sem poder para projetar a causa de Deus neste mundo.

22/06/2010

E. M. Bounds: Homens de oração são necessários - Parte 1

Homens de oração são necessários

Estamos constantemente nos desdobrando, quando não nos esticando até o ponto de ruptura, para delinear novos métodos e planos, novas organizações que façam a Igreja progredir, assegurando maior disseminação e eficiência para o evangelho. Esse curso de época mostra a tendência de perder de vista o homem, ou de submergir o homem dentro do plano ou organização. O plano de Deus é trazer à tona o máximo que houver dentro do homem, bem mais dele do que de qualquer outra coisa. Os homens são o método de Deus. A Igreja procura métodos mais aperfeiçoados; Deus procura homens mais aperfeiçoados.

“Surgiu um homem enviado por Deus chamado João” (João 1.6). A dispensação que apregoou e que preparou o caminho para Cristo foi amalgamada naquele homem João. “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado” (Is 9.6). A salvação do mundo vem desse Filho deitado em manjedoura. Quando Paulo apela para o caráter pessoal dos homens que deitaram as raízes do evangelho no mundo, soluciona o mistério do sucesso deles. A glória e a eficácia do evangelho são uma aposta nos homens que as proclamam. Quando Deus declara que “os olhos do Senhor estão atentos sobre toda a terra para fortalecer aqueles que lhe dedicam totalmente o coração (2 Crônicas 16.9), está declarando que precisa e depende de homens que sirvam como canais pelos quais Ele exercerá seu poder no mundo. Essa verdade vital e premente é tal que esta era de maquinários parece estar apta a esquecer. Esse esquecimento é tão pernicioso para a obra de Deus quanto seria arrancar o sol de seu eixo. Trevas, confusão e morte seguiriam-se.
O que a Igreja precisa hoje não é de maquinário ou maquinário aperfeiçoado nem de novas organizações ou de mais e melhores métodos, mas de homens que o Espírito Santo possa usar – homens de oração, homens poderosos na oração. O Espírito Santo não flui por intermédio de métodos, e sim por meio de homens. Não desce sobre maquinários, mas sobre homens. Não unge planos, e sim homens – homens de oração.
O caráter do evangelho – e também sua prosperidade – está sobre os ombros do pregador.  Ele prefigura ou desfigura a mensagem de Deus para o homem. O pregador é o conduíte de ouro por meio do qual o óleo divino flui. O conduíte não precisa ser de ouro, mas tem de estar desimpedido e sem mancha, para que o óleo flua com abundância, livremente e sem desperdício.
O homem faz o pregador. Deus precisa fazer o homem. O mensageiro, se possível faz o sermão. Assim como o leite doador de vida, que provém do seio materno, não é senão a vida da mãe, também tudo o que o pregador diz é matizado, impregnado por quem o pregador é. O tesouro está em vasos terrenos, mas a composição do vaso pode impregnar w descolorir esse tesouro. O homem – o homem todo – é a razão por trás do sermão. A pregação não é algo que se faz durante uma hora. É o que naturalmente flui de uma vida. São necessários 20 anos para fazer um sermão, porque são necessários 20 anos para fazer um homem. O sermão verdadeiro é uma coisa da vida. O sermão desenvolve-se porque o homem se desenvolve. O sermão é vigoroso porque o homem é vigoroso. O sermão é santo porque o homem é santo. O sermão tem unção plena porque o homem está pleno da unção divina.

03/06/2010

John Stott — “The Long Silence” (O Longo Silêncio)

No fim dos tempos, bilhões de pessoas estavam espalhadas numa grande planície, diante do trono de Deus.

A maioria recuou diante da luz brilhante diante deles. Mas alguns grupos perto da frente debatiam acaloradamente – não se curvando, envergonhados, mas com beligerência.

“Deus pode nos julgar? Como ele pode conhecer o sofrimento?” perguntou, ríspida, uma jovem morena, petulante. Rasgou, num gesto rápido, sua manga, para revelar um numero que nela fora tatuado num campo de concentração nazista. “Sofrimento terror... surras... torturas... morte!”

Noutro grupo [um menino afro-americano] abaixou o seu colarinho. “O que vocês dizem disse?” exigiu saber, mostrando um feia queimadura feita por uma corda. “Linchado... por nenhum crime, mas por ser negro!”

Noutra aglomeração, uma ginasiana grávida, com olhos mal-humorados. “Por que eu tinha de sofre?” murmurou. “Não foi a minha culpa.”


Estendendo-se por uma grande distancia pela planície afora, havia centenas de tais grupos. Cada um deles tinha uma queixa contra Deus por causa do mal e do sofrimento que ele permitia no mundo. Como Deus era sortudo por morar lá no céu, onde tudo é doçura e luz, onde não ha choro nem medo, não existe fome nem ódio. O que Deus sabia a respeito de tudo quanto a espécie humana tinha sido obrigada a sofrer nesse mundo? Afinal, diziam, Deus tem uma vida bem protegida.

Sendo assim, cada um desses grupos enviou seu representante, escolhido por ser aquele que mais sofrera. Um judeu, um negro, uma vitima de Hiroshima, um artrítico horrivelmente deformado, uma criança de talidomina. No centro da planície, fizeram consultas entre si. Finalmente, estavam prontos para apresentar a sua causa. E isso com bastante astúcia.

Antes de Deus poder ser qualificado para ser o juiz deles, precisaria suportar o que eles mesmo tinham suportado. Sua decisão foi que Deus fosse sentenciado para viver na Terra – como homem!

“Que nasça judeu. Seja duvidada a legitimidade do seu nascimento. Seja lhe dado um trabalho tão difícil que até mesmo a sua própria família vá pensar que, quando tentar levá-lo adiante, ficou enlouquecido. Seja ele traído pelos seus amigos mais íntimos. Seja colocado diante de acusações falsas e processado diante de um júri já montado contra ele, e condenado por um juiz covarde. Que seja torturado.”

“No fim de tudo isso, que ele experimente o que significa estar terrivelmente sozinho. Que morra de uma maneira que não deixe duvidas quanto à sua morte. Que haja uma grande multidão de testemunhas para confirma o fato.”

À medida que cada líder proclamava a sua parte da sentença, aclamações audíveis de aprovação subiam da multidão de pessoas ali reunidas.

E depois de o ultimo deles ter acabado de declarar a sua sentença, houve um silencio prolongado. Ninguém falou mais palavra alguma. Ninguém se mexeu. Isso porque, todos tomaram consciência de que Deus já cumprira a sua pena.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
João 3.16
Reflita...

01/06/2010

O Hábito da Leitura da Bíblia - Parte 2

Deus interpretando a si mesmo

Primeiro:O hábito de ler a Palavra de Deus diariamente, preferencialmente pela manhã. O Novo Testamento é o registro inspirado da Revelação – a Revelação é a pessoa de Jesus Cristo. Ele sai das páginas desse livro e nos encontra com o impacto de sua pessoa sobre a nossa pessoa. Esse impacto é purificador. “Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado” (João 15.3).
A Bíblia justifica a si própria porque é um excelente remédio. Nunca deixou de curar um único paciente desde que o paciente realmente seguisse a prescrição.
Siga a prescrição da Palavra de Deus diariamente. Nenhum cristão será sadio se não for bíblico.


Continuamente renovados por Deus

Segundo: Tenha o hábito de orar em particular. Quando lemos as Escrituras, Deus fala conosco. Por meio da oração, falamos com Deus. Depois, Deus fala conosco, não apenas por meio da Palavra, mas diretamente a nós, por meio de palavras.
Carlyle diz: “Oração é e continua sendo o instinto mais natural e profundo da alma do ser humano.”, Lincoln tinha o hábito de orar. Um senhor que tinha um encontro marcado com Lincoln às 5 horas da manhã chegou 15 minutos antes. Ele ouviu uma voz na sala ao lado e perguntou ao assistente:
   Quem está nessa sala? Alguém está com o presidente?
O assistente respondeu:
   Não, ele está lendo a Bíblia e orando.
O homem perguntou:
   Ele tem esse hábito nesta hora da manhã?
   Sim, senhor, das 4 às 5 da manhã ele lê as Escrituras e ora – foi a resposta.
Nenhuma experiência  de conversão o tornará imune à falta de leitura da Palavra de Deus e da oração. Quando a oração enfraquece, o poder diminui. Nossa espiritualidade depende de nosso hábito de oração – nada mais, nada menos.

O convertido converte

Terceiro: transmita aos outros o que você aprendeu. O terceiro hábito consiste na prática de transmitir aos outros o que lhe foi revelado na leitura da Palavra e na oração. Há um lei mental de que aquilo que não é expresso deixa de existir. Você perderá o que não compartilhar.
Paulo diz: “Aquele que dá semente ao que semeia...” (2 Co 9.10). Ele dá semente apenas para quem está disposto a semear. Se você não semeia, não receberá nada para semear. Quem não transmite a outros fica vazio. Se você não tiver interesse na evangelização, não permanecerá evangélico.

Esses são três hábitos básicos no cultivo da vida transformada. Que você possa lê as Escrituras, possa orar e transmitir.


Fonte: E. Stanley Jones (1884-1973)
Related Posts with Thumbnails